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Tarde na toca dos Hobbit

Não sei se mantenho o olhar nas abóboras do mato por muito tempo ou se elas logo são viradas, vencidas, passam: Como a roleta da máquina do cassino, a cara de uma bonequinha da Mônica - pra cima, mudando da angústia à surrealidade, e tenho agora mais do que um centímetro de poema da Szymborska, simples, limpo por ser areia. Observo de ímpeto saciado minha pegada se afogar.

Gambiarra (versos ao longo do dia)

Abriga              Passagem                        Em caso de dor:              - Itamar              - me apoiar sobre nada,              mostrar os dentes              - o que você e ela e ele acontecem em              mim.
Quem samba  lambe os lábios  e nem lembra quantos músicos na banda e dos próprios músculos compondo.

do vazio

Cansei de não fazer nada, agora quero a clareza de um jegue, a demência da repetição com todos os seus mecanismos dentados e as fissuras por onde posso escoar.
Sair sem rezar, caminhar lembrando da dissolução e remar na av paulista entre patinetes sabendo da própria dose: Um minuto de delírio pra se curar da neurose.
Hj de manhã o gosto de descer                        À noitinha reparei na ladeira                                        Nunca me deu mole mas deu encosto                                                      Pro bem estreito corpo                                  ...

versos 4

As mãos saem em baixo, um pé que vem da nuca, contágio: Então dançamos sem parar até sucumbir de febre. Vou tirar meu coração nessa bolha, nesse país sem remendo que vá nos desopilar, uma decolagem, o voo em vão: Flutuar, se extender na raiz redonda do que vivi e brotar.
O desespero ta pronto pra entrar cobra separada do resto segmento de mundo segredo do fundo semente do medo abismo caracol universo com guizo na ponta  veneno no crânio Avesso.

Achado no carderno - 10 de junho de 2004

Meu corpo não é fonte de nada. É um poço que só recebe... um poço de coisa nenhuma, não tem substância física que o complete. Tem só o contorno com seus tijolos velhos, que cada vez que respiro se emaranham até perderem a forma. Passam a não abrir mais poço. Chamo assim por falta de nome.

Moderna atual

Nem todas essas milongas, nem o dedo amputado, nem a palavra agora, o que fará com que a conversa entre no jogo da memória?... sem cair pro escambau?... pra família, pra revista, pra quadrilha real? Nada a tempo, tudo uma perdição. Roleta de cartas, abra o país dos vícios, abre a pele pura pra receber chuva de risos, mas ve se para, empacota uns minutos pra fazer sentido.

versos 3

Todo ar que aspiro é meu desejo por ver gente e o mesmo ar que solto é minha vontade de ser bicho. ... a lua nova também nasce. ... o amor é um exagero da angúsita ... ficava abusada da palavra ... Me emboto e me puxo na  floresta da pele: pra sin a me afino mas não me resigno.

versos 2

Quem samba Lambe os lábios e nem lembra Quantos músicos na banda E dos próprios músculos compondo. ... A pedra me puxa, creme do movimento, que se encabeça pra espuma e me gargareja canal a dentro, até cair líquida .

versos 1

Fujo da chuva ou fujo pra chuva que cai, que caio  em mim, escorrego na zebra, na boca do lobo, escorro  pelo limo mais baixo do que ja me vi. ... Avisa o clã Que o chão não veio. até o barulho do meu coração me assusta. Outros olhos entram em mim enquanto a emoção pulsa. ... A fome é um trapézio no meu tronco. ... Tanta forma não  encorpada que, às vezes, abismim. ... Um céu gasoso de ser .... e no uiniverso dos átomos  sem matéria todos os corpos ocupam o mesmo lugar no espaço nenhum. ... Tento atingir o corpo todo com os sonhos que tive.
Eu não reajo. Sustento. A coisa atravessa. Mas nem paro em pé. Finjo, mais que td... Pq não dá pra gritar na ponte, é muito motor. Dá é pra sair por uma fresta antes que a galera perceba, mas depois não sei se atravesso, se pisco, pra onde fujo... Td contornando, nada de conteúdo... Ando. Dor. E ando... Minhocando pelos estados de vazio, terror, solidão, ódio. Muito ódio. Acima de td, mais que nunca, mas desde que me lembrei, perto de quando nasci - ódio... de mim.
Andar sem carne sem matéria esperando o sinal de pedestres perdida no que ficou pelo caminho - na esperança de largar.

Fragmentos

Esse peito tão aberto Não tá certo Sem massa que o cirza suture arremate Esse peito Esse jeito Sem rejunte que o grude Esse peito Não tem pé ..... Abre-se um pedaço de calçada voo livre Nada, nada

Cara Coroa?

Polariza, bem como brilham as bolinhas sobre a coroa:  fogos, rixas na nossa época em que esporro virou ouro,   mas não, o que reluz não é tal pose   também como nunca luziram   as jóias da rainha.

- Esquizo -

A gente sobe em bolhas depois voa  na última camada dessa primavera. Pendenguinhas, Violetas roxas, eu encontro, topo  com o fim do mundo e voltamos  pra esse chão de cerâmica  onde não tô presente, nem é hora. onde a vida pulula em gás hélio e já nos soltamos  antes do limite da atmosfera.
Um poste de luz tão antigo e paciente, curvado, compreende os trilhos, capta o pó porque revela a vida que às vezes chega com o trem.
Eu pegava o momento em que o peixe ia pra onde tinha mais peixe, em que o mar fez-se casa.  em cada, mar em cauda, e pra ser um traço, um braço, caminho onde passa a corrente, o cardume, acabava sendo um pedaço de água também.
Não sei o que quero: me jogar no vazio feito ele fosse cola.  Me chamam: pelo nome não me reconheço.  O pensamento em você: meu corpo um peso leve-me
Impossível mover seu destino, mas sim se manter movediço, mole, malemolente e ativo pra toda forma de bicho, perigo, que contigo se esbarra e se mete e repete: esta é tua sina, mas você, então, bam- boleando aproveita essa baque, esse giro, pra abraçar tudo que te atravessa, aceitar quem contigo se afina.
Sebastião é um chão firme.   Mas entre os grãos dessa terra   se forma uma colmeia   onde zumbem   os voos, viagens,   os muitos olhares,  Sebastião. Ele é um surto  que cria rotina.   Abriga minha paixão,   abriga minha guerra. Força bruta crua,   pensamento,   braço – barba – uma risada,   cara lunática.   muita estrada. E está onde eu vá. Por toda a minha pele.
Fujo da chuva  ou fujo para a chuva que cai que caio que caio em mim. Escorro, Caio na zebra, na boca do lobo, Escorrego pelo limo mais baixo Do que já me vi. ....... Passo por cima da minha velocidade, como andasse pelo Elevado observando minha cidade  comprimida, abaixo.